sábado, 15 de maio de 2010

Implicações das ferramentas cognitivas - O papel das ferramentas cognitivas na sociedade...


Nos últimos anos tem se assistido a um decréscimo significativo na capacidade e vontade de pensar dos alunos. O declínio nas notas dos testes é evidente, um sintoma próprio de uma doença intelectual, presente na nossa sociedade. Aprender, pensar e adquirir conhecimento são aspectos cada vez menos valorizados. A aprendizagem é, na melhor das circunstâncias, um malefício necessário que é exigido na procura constante dos bens materiais.

Assim sendo, torna-se efectivamente necessária uma revolução na Educação, não só uma mudança em termos metodológicos, mas uma revolução essencial de espírito. Tal revolução seria marcada pelos alunos que se sentem motivados para alcançarem um crescimento pessoal; pelos professores que se sentem fortalecidos com os desafios intelectuais dos seus discentes e que modelam, treinam e facilitam o pensamento, em vez de se limitarem a dizerem aos alunos o que sai, ou não, no próximo teste; pelos sistemas educativos que procuram preparar os alunos para se adaptarem a ambientes mutáveis adoptando uma atitude de aprendente a longo da vida.

N
a minha perspectiva, as ferramentas cognitivas não são, de todo, o único meio para envolver os alunos em aprendizagens significativas, mas talvez um dos mais eficazes. Se se acreditar que a educação é um processo que deve, pelo menos em parte, envolver os alunos em pensamentos de ordem superior, e se acreditar que os computadores podem e devem auxiliar nesse processo, então as ferramentas cognitivas podem ajudar.

S
ão apontadas três razões para o facto de os alunos serem, por vezes, incapazes de aprender, de resolver problemas e de alcançarem o seu potencial de aprendizagem.

E
m primeiro lugar, os alunos não desenvolvem um reportório de estratégias para a aprendizagem, de modo a resolverem som sucesso diferentes tipos de tarefas de aprendizagem.

E
m segundo, os alunos estão, sem dúvida, muito pouco motivados. Deste modo, acredito, convictamente, que a principal causa da falta de resultados positivos na escola é a existência de expectativas baixas por parte dos docentes, dos pais e da sociedade em geral, mas não só, a incapacidade de reacção, a fraca noção de auto-estima e a atribuição inadequada de sucesso ou falha, são outros factores a ter em linha de conta.

Em terceiro e último lugar, os alunos tendem a depender unicamente de percepções vagas e de soluções globais e rápidas para os problemas, em vez de se envolverem num tipo de raciocínio mais esforçado.

A
s ferramentas cognitivas irão funcionar com mais sucesso numa situação de reforma educativa, em que os alunos são vistos como construtores de ideias e defensores dessas construções. Os alunos devem abordar a aprendizagem de forma activa e consciente, devem entender e executar as suas intenções pessoais para aprender, pensar e regular esses processos.

N
este sentido, considero fundamental que se aposte numa aprendizagem cognitiva activa e consciente, isto é, a “utilização consciente e metacognitivamente orientada de processos não automáticos, que, geralmente, exigem esforço”. Esta acção é necessária para a aprendizagem significativa, que é aplicável em situações semelhantes e transferível para situações diferentes.

Aprendizagem cognitivamente activa e consciente é, de acordo com Salomon e Globerson, caracterizada pelas seguintes actividades:

- Suprimir respostas iniciais e reflectir acerca dos aspectos dos problemas;
- Recolher, examinar e personalizar informação acerca dos problemas;
- Gerar e seleccionar estratégias alternativas;
- Estabelecer relações com conhecimentos preexistentes e construir novas estruturas;
- Despender esforço na aprendizagem;
- Concentrar-se;
- Reflectir acerca da forma como uma tarefa foi realizada.

O objectivo da educação deve ser o de envolver os alunos numa aprendizagem activa e consciente. Este não é o nível de actividade a que os alunos estão habituados, mas eles são, sem dúvida, capazes de o alcançar. É, efectivamente, necessário proporcionar-lhes objectivos relevantes para que pensem, assim como ferramentas para orientar o processo. O computador é uma ferramenta essencial que, jamais, poderá ser esquecido.

O objectivo de muitas reformas educativas tem sido o desenvolvimento das competências de auto – regulação dos alunos. Estes, que deveriam ser capazes de determinar os seus objectivos de aprendizagem, planificando – a, preparando-se para aprender, envolvendo-se em actividades de aprendizagem à luz dessa monitorização, mantendo viva a sua motivação e um objectivo para a aprendizagem.

Este modo de aprendizagem constitui também um desafio para os docentes.
O motivo mais provável para os alunos não serem cognitivamente activos e conscientes e não terem auto – regulação deve-se ao facto de nunca tal lhes ter sido pedido. Na maior parte das vezes, desde muito cedo até ao ensino superior, é dito aos discentes como aprender e como o fazer. Aqueles, posteriormente, serão testados para se certificarem de que o aprenderam.

O
professor que acredita que os alunos devem compreender o mundo do mesmo modo que eles, que devem recordar e não aplicar e que se devem submeter a um horário de aprendizagem rígido, o uso de ferramentas cognitivas será, certamente, um risco. Assim, a aprendizagem e pensamento eficazes exigem que sejamos capazes de reflectir acerca de quem somos e do que somos capazes e estamos dispostos a fazer.


Mudança de filosofia…


O
s professores que não têm experiência com a abordagem construtivista, terão uma grande mudança na filosofia educacional quando utilizarem ferramentas cognitivas. Assim sendo, deverão tudo fazer para se sentirem à vontade com as novas tecnologias, de modo a progredirem e fazendo progredir, também, os seus alunos. Terão, de igual modo, e como qualquer bom docente, de ser tolerantes e estar dispostos a ajudar os discentes nas suas mais díspares dificuldades.

Integrar de modo eficaz as ferramentas cognitivas no processo educativo implica que os professores sejam capazes de utilizá-las. Não se pode, por assim dizer, ligar os alunos a ferramentas cognitivas e esperar que trabalhem sem uma orientação. O professor, enquanto elemento fulcral no processo de ensino – aprendizagem, deve usar bem as ferramentas, de modo a facilitar o seu uso por parte dos alunos.

P
ara integrar de forma eficaz as ferramentas cognitivas na sala de aula, os professores podem ter de desenvolver novas competências pedagógicas. O seu papel como professor deve alterar-se de transmissor de conhecimento para instigador, promotor, treinador, ajudante, modelador e orientador de construção de conhecimento.

O
professor, para que as ferramentas cognitivas sejam utilizadas do modo mais eficaz, deve abdicar da sua autoridade, quer da autoridade relacionada com o poder, quer da autoridade intelectual, descendo da sua cátedra. Abdicar da autoridade exige correr riscos e admitir que não se sabe tudo, no entanto, exige, também, demonstrar que se sabe descortinar o que não se sabe, bem como empregar esse novo conhecimento para solucionar problemas.

Assim, o professor deve revelar-se receptivo à aceitação de diversas perspectivas e interpretações do mundo, possibilitando que os alunos exponham as suas ideias em condições que sejam para eles mais significativas, e não necessariamente como um manual ou currículo as colam.

N
o entanto, convém salientar as ferramentas cognitivas não funcionam sem a preciosa ajuda da gestão das escolas. Professores empenhados não são o suficiente, se os órgãos directivos não estão interessados na mudança e na construção de conhecimento e pensamento crítico por parte dos alunos.

Apoio tecnológico…

É
, também, necessário o apoio tecnológico. Para se implementar ferramentas cognitivas, são necessários computadores, não sendo necessário um por aluno, porque tal poderia ser um impedimento à integração significativa e à tecnologia nas escola, mas, pelo menos, um para cada três ou quatro, de modo a desenvolver, também, o trabalho colaborativo.


A resistência dos pais…


Utilizar ferramentas cognitivas pode trazer resistências por parte dos pais. Embora todos os pais pareçam aceitar a importância do pensamento construtivo, auto – regulado e crítico como resultado importante da aprendizagem, a maior parte dos pais está mais preocupado em comparar os resultados obtidos pelos filhos com os dos outros, do que em compreender o que os filhos estão a aprender. Convencer os pais do contrário é uma tarefa árdua, porém importante. Tal facto está patente nas escolas de todos os níveis socioeconómcos.

A melhor forma de tentar conquistar o apoio dos pais é mostrar-lhes as produções dos seus filhos, e quando tal acontece ficam muito surpreendidos e orgulhosos.

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