sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pensamento do dia...




É, de facto, lamentável o estado do nosso país...

sábado, 15 de maio de 2010

Ferramentas cognitivas...


Com o progressivo avanço das novas tecnologias, torna-se, efectivamente, necessário promover a utilização dos computadores como apoio à aprendizagem significativa.

Assim sendo, Jonassen propõem o abandono dos métodos tradicionais em função dos computadores na escola, defendendo, igualmente, a utilização de determinadas aplicações informáticas como ferramentas cognitivas, de modo a estimular e a desenvolver o pensamento crítico dos alunos.

Definição de ferramentas cognitivas

As ferramentas cognitivas são ferramentas informáticas adaptadas ou desenvolvidas para funcionarem como parceiros intelectuais do aluno, de modo a estimular e facilitar o pensamento crítico e a aprendizagem de ordem superior. Estas ferramentas incluem bases de dados, redes semânticas, folhas de cálculo, sistemas periciais, ferramentas de modelação de sistemas, micromundos, motores de busca de informação, ferramentas de representação visual, ferramentas de publicação de multimédia, ambientes de conversação em tempo real e conferência através do computador.

São ferramentas de ampliação e reestruturação cognitiva. Elas ampliam o pensamento do aluno, ultrapassando as limitações da mente. São, efectivamente, dispositivos de pensamento crítico.

E
stas ferramentas envolvem os discentes na criação de conhecimento que reflecte a sua compreensão e concepção de informação, em vez de reproduzir a apresentação da informação feita pelo professor.

As ferramentas cognitivas são parceiros intelectuais. Nas parcerias intelectuais, os alunos devem ser responsáveis por reconhecer e julgar padrões de informação, organizando-a posteriormente, enquanto o computador deve efectuar cálculos e armazenar e recuperar informação.

F
erramenta cognitiva é, de facto, um conceito. Apesar destas definições se terem centrado nos computadores, estes não são implicitamente ferramentas cognitivas.

As ferramentas cognitivas representam uma abordagem construtiva da utilização de computadores, ou de qualquer outra tecnologia, ambiente ou actividade, que estimule os discentes na reflexão, manipulação e representação sobre o que sabem, ao invés de reproduzirem o que alguém lhes diz. Ao utilizar uma ferramenta cognitiva, o conhecimento é construído pelo aluno, não transmitido pelo professor.

E
nfim, após inúmeros conceitos, podemos constatar que as ferramentas cognitivas são ferramentas para ampliar a cognição.


Porquê usar ferramentas cognitivas?


Razões teóricas para usar ferramentas cognitivas:

- As ferramentas cognitivas promovem a aprendizagem significativa. Esta consiste numa aprendizagem:
• Activa (manipulativa/observante);
• Construtiva (articulatória/ reflexiva);
• Intencional (reflexiva/ reguladora);
• Autêntica (complexa/ contextual);
• Cooperativa (colaborativa/ conversacional).

- Construção de conhecimento



O
construtivismo preocupa-se com o processo segundo o qual os alunos constroem conhecimento. O modo como os alunos constroem conhecimento depende do que eles já sabem, dependendo, muitas vezes, do tipo de experiências que tiveram, do modo como organizaram essas experiências em estruturas de conhecimento e das convicções que usam para interpretar objectos e acontecimentos que encontram no mundo. As ferramentas cognitivas são ferramentas para ajudar os alunos a organizarem e a representarem o que sabem.

- Pensamento reflexivo

O pensamento experimental surge das experiências que uma pessoa tem com o mundo e acontece automaticamente. No entanto, o pensamento reflexivo exige deliberação. Aquele ajuda-nos a entender o que experimentamos e o que sabemos.

Os computadores podem, de facto, apoiar o pensamento reflexivo, ao permitirem que os utilizadores construam novo conhecimento, adicionando novas representações, modificando as antigas e comparando ambas.

A
s ferramentas cognitivas conduzem os alunos ao pensamento reflexivo, que apoia a construção de conhecimento.


- Ferramentas de parceria cognitiva

As tecnologias cognitivas são ferramentas que podem ser proporcionadas por qualquer meio e que ajudam os alunos a transcenderem as limitações das suas mentes, tal como as limitações de memória, de pensamento ou de resolução de problemas.
Razões práticas para usar as ferramentas cognitivas


- Falta de software


Desde os anos 70 que o EAC está disponível para apoiar a aprendizagem. Este software era do tipo repetição por treino, conceito para apoiar a aprendizagem por repetição.

A
pesar dos milhares de programas educativos que foram publicados, a totalidade não cobre ainda nem uma parte do currículo escolar. Simplesmente, não existe software disponível para ensinar de forma tradicional o volume das disciplinas e competências leccionadas nas escolas.

A
s ferramentas cognitivas exigem que se aprendam apenas alguns programas ou pacotes de software, a maioria dos quais já está disponível nas escolas.

- Custo dos computadores

A maioria dos programas educativos já mencionados são muitos dispendiosos, podem custar mais de 100 euros para uma mera licença de posto único e várias centenas de euros para uma licença para toda a escola.


- Eficiência


As ferramentas cognitivas podem ser usadas para trabalhar quase toda a globalidade do currículo e a um custo mais baixo do que outras abordagens da aprendizagem baseadas no computador presentemente disponíveis.

N
ão só representam eficácia no custo como também oferecem eficiência na aprendizagem. Cada programa educativo baseado no computador possui um conjunto diferente de resultados e meios para o atingir. As ferramentas cognitivas representam, efectivamente, uma utilização mais eficaz de tempo e esforço.


- Avaliar software como ferramenta cognitiva


De modo a avaliar o potencial de qualquer aplicação como ferramenta cognitiva deve distinguir-se, antes de mais, ferramentas cognitivas de ferramentas de produtividade.


- Ferramentas cognitivas VS ferramentas de produtividade


Os computadores são frequentemente utilizados nas escolas e nos locais de trabalho como ferramenta para ajudar os alunos ou os trabalhadores a produzirem trabalho, ou seja, como ferramentas de produtividade. Os computadores são um meio para ajudar o utilizador a realizar determinada tarefa, tornando-o mais produtivo.

D
eve ir-se bem mais além da produtividade, para que os discentes possam ser implicados num nível de aprendizagem que não é possível atingir utilizando apenas as ferramentas de produtividade. É, por este motivo, fundamental distinguir ferramentas cognitivas e ferramentas de produtividade.

A
s ferramentas de produtividade reestruturam nem amplificam significativamente o pensamento do aluno ou as capacidades apoiadas por esse pensamento.

As ferramentas cognitivas, por sua vez, são parceiros intelectuais que promovem a capacidade de pensar do aluno. Embora as ferramentas de produtividade aumentem significativamente a capacidade de produzir ideias, elas não oferecem formas alternativas de pensar.

- Ferramentas de construção de conhecimento VS ferramentas de uso de informação

A WWW não é uma ferramenta cognitiva, é apenas uma fonte de informação. Pesquisar na WWW pode proporcionar aos alunos diferentes perspectivas ou informações, facilitando, por isso, a construção de bases de conhecimento a partir do uso de outras ferramentas cognitivas. Contudo, pesquisar informação sem uma finalidade intencional não levará necessariamente à aprendizagem significativa.

U
ma geração de alunos está a aprender a utilizar a WWW como uma enciclopédia electrónica, de onde copiam em vez de construir e representar as suas próprias ideias. Esta forma de aprendizagem é de facto contrária do conceito de ferramentas cognitivas.

- Critérios para avaliar ferramentas cognitivas


• Ferramentas baseadas no computador
• Aplicações disponíveis
• Preço acessível
• Construção de conhecimento
• Generalização
• Pensamento crítico
• Aprendizagem transferível
• Formalismo simples e poderoso
• De fácil aprendizagem

Implicações das ferramentas cognitivas - O papel das ferramentas cognitivas na sociedade...


Nos últimos anos tem se assistido a um decréscimo significativo na capacidade e vontade de pensar dos alunos. O declínio nas notas dos testes é evidente, um sintoma próprio de uma doença intelectual, presente na nossa sociedade. Aprender, pensar e adquirir conhecimento são aspectos cada vez menos valorizados. A aprendizagem é, na melhor das circunstâncias, um malefício necessário que é exigido na procura constante dos bens materiais.

Assim sendo, torna-se efectivamente necessária uma revolução na Educação, não só uma mudança em termos metodológicos, mas uma revolução essencial de espírito. Tal revolução seria marcada pelos alunos que se sentem motivados para alcançarem um crescimento pessoal; pelos professores que se sentem fortalecidos com os desafios intelectuais dos seus discentes e que modelam, treinam e facilitam o pensamento, em vez de se limitarem a dizerem aos alunos o que sai, ou não, no próximo teste; pelos sistemas educativos que procuram preparar os alunos para se adaptarem a ambientes mutáveis adoptando uma atitude de aprendente a longo da vida.

N
a minha perspectiva, as ferramentas cognitivas não são, de todo, o único meio para envolver os alunos em aprendizagens significativas, mas talvez um dos mais eficazes. Se se acreditar que a educação é um processo que deve, pelo menos em parte, envolver os alunos em pensamentos de ordem superior, e se acreditar que os computadores podem e devem auxiliar nesse processo, então as ferramentas cognitivas podem ajudar.

S
ão apontadas três razões para o facto de os alunos serem, por vezes, incapazes de aprender, de resolver problemas e de alcançarem o seu potencial de aprendizagem.

E
m primeiro lugar, os alunos não desenvolvem um reportório de estratégias para a aprendizagem, de modo a resolverem som sucesso diferentes tipos de tarefas de aprendizagem.

E
m segundo, os alunos estão, sem dúvida, muito pouco motivados. Deste modo, acredito, convictamente, que a principal causa da falta de resultados positivos na escola é a existência de expectativas baixas por parte dos docentes, dos pais e da sociedade em geral, mas não só, a incapacidade de reacção, a fraca noção de auto-estima e a atribuição inadequada de sucesso ou falha, são outros factores a ter em linha de conta.

Em terceiro e último lugar, os alunos tendem a depender unicamente de percepções vagas e de soluções globais e rápidas para os problemas, em vez de se envolverem num tipo de raciocínio mais esforçado.

A
s ferramentas cognitivas irão funcionar com mais sucesso numa situação de reforma educativa, em que os alunos são vistos como construtores de ideias e defensores dessas construções. Os alunos devem abordar a aprendizagem de forma activa e consciente, devem entender e executar as suas intenções pessoais para aprender, pensar e regular esses processos.

N
este sentido, considero fundamental que se aposte numa aprendizagem cognitiva activa e consciente, isto é, a “utilização consciente e metacognitivamente orientada de processos não automáticos, que, geralmente, exigem esforço”. Esta acção é necessária para a aprendizagem significativa, que é aplicável em situações semelhantes e transferível para situações diferentes.

Aprendizagem cognitivamente activa e consciente é, de acordo com Salomon e Globerson, caracterizada pelas seguintes actividades:

- Suprimir respostas iniciais e reflectir acerca dos aspectos dos problemas;
- Recolher, examinar e personalizar informação acerca dos problemas;
- Gerar e seleccionar estratégias alternativas;
- Estabelecer relações com conhecimentos preexistentes e construir novas estruturas;
- Despender esforço na aprendizagem;
- Concentrar-se;
- Reflectir acerca da forma como uma tarefa foi realizada.

O objectivo da educação deve ser o de envolver os alunos numa aprendizagem activa e consciente. Este não é o nível de actividade a que os alunos estão habituados, mas eles são, sem dúvida, capazes de o alcançar. É, efectivamente, necessário proporcionar-lhes objectivos relevantes para que pensem, assim como ferramentas para orientar o processo. O computador é uma ferramenta essencial que, jamais, poderá ser esquecido.

O objectivo de muitas reformas educativas tem sido o desenvolvimento das competências de auto – regulação dos alunos. Estes, que deveriam ser capazes de determinar os seus objectivos de aprendizagem, planificando – a, preparando-se para aprender, envolvendo-se em actividades de aprendizagem à luz dessa monitorização, mantendo viva a sua motivação e um objectivo para a aprendizagem.

Este modo de aprendizagem constitui também um desafio para os docentes.
O motivo mais provável para os alunos não serem cognitivamente activos e conscientes e não terem auto – regulação deve-se ao facto de nunca tal lhes ter sido pedido. Na maior parte das vezes, desde muito cedo até ao ensino superior, é dito aos discentes como aprender e como o fazer. Aqueles, posteriormente, serão testados para se certificarem de que o aprenderam.

O
professor que acredita que os alunos devem compreender o mundo do mesmo modo que eles, que devem recordar e não aplicar e que se devem submeter a um horário de aprendizagem rígido, o uso de ferramentas cognitivas será, certamente, um risco. Assim, a aprendizagem e pensamento eficazes exigem que sejamos capazes de reflectir acerca de quem somos e do que somos capazes e estamos dispostos a fazer.


Mudança de filosofia…


O
s professores que não têm experiência com a abordagem construtivista, terão uma grande mudança na filosofia educacional quando utilizarem ferramentas cognitivas. Assim sendo, deverão tudo fazer para se sentirem à vontade com as novas tecnologias, de modo a progredirem e fazendo progredir, também, os seus alunos. Terão, de igual modo, e como qualquer bom docente, de ser tolerantes e estar dispostos a ajudar os discentes nas suas mais díspares dificuldades.

Integrar de modo eficaz as ferramentas cognitivas no processo educativo implica que os professores sejam capazes de utilizá-las. Não se pode, por assim dizer, ligar os alunos a ferramentas cognitivas e esperar que trabalhem sem uma orientação. O professor, enquanto elemento fulcral no processo de ensino – aprendizagem, deve usar bem as ferramentas, de modo a facilitar o seu uso por parte dos alunos.

P
ara integrar de forma eficaz as ferramentas cognitivas na sala de aula, os professores podem ter de desenvolver novas competências pedagógicas. O seu papel como professor deve alterar-se de transmissor de conhecimento para instigador, promotor, treinador, ajudante, modelador e orientador de construção de conhecimento.

O
professor, para que as ferramentas cognitivas sejam utilizadas do modo mais eficaz, deve abdicar da sua autoridade, quer da autoridade relacionada com o poder, quer da autoridade intelectual, descendo da sua cátedra. Abdicar da autoridade exige correr riscos e admitir que não se sabe tudo, no entanto, exige, também, demonstrar que se sabe descortinar o que não se sabe, bem como empregar esse novo conhecimento para solucionar problemas.

Assim, o professor deve revelar-se receptivo à aceitação de diversas perspectivas e interpretações do mundo, possibilitando que os alunos exponham as suas ideias em condições que sejam para eles mais significativas, e não necessariamente como um manual ou currículo as colam.

N
o entanto, convém salientar as ferramentas cognitivas não funcionam sem a preciosa ajuda da gestão das escolas. Professores empenhados não são o suficiente, se os órgãos directivos não estão interessados na mudança e na construção de conhecimento e pensamento crítico por parte dos alunos.

Apoio tecnológico…

É
, também, necessário o apoio tecnológico. Para se implementar ferramentas cognitivas, são necessários computadores, não sendo necessário um por aluno, porque tal poderia ser um impedimento à integração significativa e à tecnologia nas escola, mas, pelo menos, um para cada três ou quatro, de modo a desenvolver, também, o trabalho colaborativo.


A resistência dos pais…


Utilizar ferramentas cognitivas pode trazer resistências por parte dos pais. Embora todos os pais pareçam aceitar a importância do pensamento construtivo, auto – regulado e crítico como resultado importante da aprendizagem, a maior parte dos pais está mais preocupado em comparar os resultados obtidos pelos filhos com os dos outros, do que em compreender o que os filhos estão a aprender. Convencer os pais do contrário é uma tarefa árdua, porém importante. Tal facto está patente nas escolas de todos os níveis socioeconómcos.

A melhor forma de tentar conquistar o apoio dos pais é mostrar-lhes as produções dos seus filhos, e quando tal acontece ficam muito surpreendidos e orgulhosos.

Reflectindo...

Enfim, são vários os problemas que se colocam quando se fala em ferramentas cognitivas.

As ferramentas cognitivas são ferramentas de representação do conhecimento que utilizam programas de aplicação informática.

O
processo de utilização dessas ferramentas como formalismos para representar as ideias que estão a ser aprendidas em bases de conhecimento pessoais representa uma abordagem alternativa à integração dos computadores nas escolas.

Estas ferramentas representam uma forma eficiente e eficaz de integrar os computadores nas escolas. Podem ser utilizados transversalmente no currículo escolar, de modo a levar os alunos a pensar profundamente acerca do conteúdo que estão a estudar. São parceiros intelectuais que facilitam a construção de conhecimento e a reflexão por parte dos discentes.

Para que tais ferramentas sejam implementadas será necessário todo um trabalho por parte das pessoas que trabalham na escola e na sociedade a que esta, inevitavelmente, pertence.

É, de facto, imperioso que se encorajem os mais novos a desenvolverem o seu pensamento crítico e a construção pessoal de conhecimento, como objectivos significativos.

Os professores, enquanto elementos fundamentais num processo tão importante quanto complexo como o de ensino – aprendizagem, devem ser capazes de apoiar e estimular os seus alunos a aprenderem a regular os seus próprios hábitos de aprendizagem, mudando o seu papel de mero transmissor de conhecimento, para treinador. Os docentes devem, assim, estar preparados e empenhados nos objectivos do pensamento crítico e na utilização de ferramentas cognitivas.

No entanto, por mais que os professores se esforcem, é, absolutamente, necessário o apoio da gestão das escolas, pois sem o seu precioso contributo tudo se torna muito mais complexo. A gestão escolar deve mostrar-se empenhada nestes objectivos, fazendo de tudo para facilitar o pensamento de ordem superior e a construção de significado por parte dos mais novos.